Apresentação

No momento da promulgação da Lei 10.639/03, era enorme a defasagem em que o Brasil se encontrava em relação à História da África. Os avanços ao longo desta última década são inegáveis, no entanto ainda há um grande caminho a se percorrer. Um deles, talvez um dos principais seja de acesso à produção intelectual de origem africana. Esse é um desafio a ser enfrentado tanto pelas academias, quanto pelos profissionais de educação básica. 

Essa é uma fragilidade que precisa ser superada a partir da abertura de um diálogo sistemático com intelectuais contemporâneos e de uma extensa revisão da produção clássica de intelectuais como, por exemplo, Cheick Anta Diop, Théophile Obenga e outros. O pressuposto é dar ênfase a uma África que não é só o imaginário das práticas religiosas sincréticas brasileiras, ou – mesmo que internamente à própria África –, da compreensão romântica do leste africano como fronteira oriental de investimentos em produção energética, ou da história do holocausto da escravidão, ou da visão da natureza contundente, exótica e selvagem. Sabe­-se que todos esses aspectos devam também ser entendidos, mas, sobretudo, dentro da visão de uma África que é uma infinidade de lugares contemporâneos reais. 

É neste sentido que se propõe o I Seminário Internacional de Herança Intelectual Africana: outra dimensão histórico-cultural, a ser realizado nos dias 03 e 04 de dezembro do corrente ano. Trata-se de um evento interdisciplinar que discutirá três aspectos importantes:



a. desenvolvimento de pesquisas e de acessibilidade a conhecimentos relacionados à contribuição da África ao processo civilizatório de constituição da humanidade;
b. construção de recursos e materiais didáticos referente às sociedades do continente Africano, destinados a professores da Educação Básica; 
c. a constituição de uma rede internacional de Pesquisa sobre a Herança Intelectual Africana.